Review ao Eee PC

E pronto, agora que o fim de semana já terminou, e o brinquedo já foi devolvido ao dono que gentilmente o cedeu para que eu o usasse e abusasse durante o fim-de-semana (descansem os sócios da sociedade protectora dos gadgets; não o tratei mal,) eis que é altura para aqui deixar as minhas opiniões e conclusões.

Para começar, como já tinha referido nas minhas primeiras impressões, o tamanho do Asus Eee PC está no ponto. Não houve ninguém que olhasse para ele e não dissesse imediatamente: “Quero um!” – mesmo antes de saber se aquilo era um computador ou uma cafeteira. No aspecto “gadget-que-tenho-que-ter” o Eee PC passa com distinção.


(comparação do tamanho do Eee PC com uma Nintendo DS e com um portátil “normal”)

Com 4Gb de flash disk e 512Mb de Ram, este Eee PC todo em preto é – na minha opinião – o modelo mais bem conseguido do ponto de vista estético. É certo que o branco pode ter o seu look à la Mac, mas aqueles speakers ao lado do LCD de 7″ são uma tristeza que salta à vista em qualquer outro modelo que não este Galaxy Black.


(comparação do Eee PC com um mini-teclado wireless: a nova definição de mini)

O teclado requer alguma habituação, mas gostei bastante do layout, não obrigando a muitas viagens à tecla “Fn” durante um uso normal (algo que por exemplo falha no Fujitsu U810/U1010.)

O Trackpad é minúsculo mas serve perfeitamente. Tem a função de “scroll” – que é obrigatória, num ecrã de tão reduzidas dimensões (800×480), no entanto falha num pormenor importante: o “tap” no pad para fazer o clique com o botão esquerdo. Para quem estiver habituado a usar os botões situados à frente do trackpad, isso não é problema – no entanto eu uso e abuso do “tap” para todos os cliques do rato – e 50% das vezes, ele nao era detectado.
Bem tentei ajustar todos os settings lá existentes, incluindo um que dizia detectar os taps rápidos, mas não encontrei ajuste nenhum que permitisse o seu uso como gostaria.
É um pouco estranho, uma vez que todos os trackpads, mesmo em modelos de baixo custo têm um comportamente bem mais aceitável do que este do Eee PC. No entanto, como só experimentei um, não tenho forma de saber se é um caso único, ou se este “problema” afecta toda a gama.

O LCD de 7″ é razoável. Gostava de o ter experimentado no exterior, num dia de Sol, mas o tempo decidiu não me ajudar, estando bastante nublado e escuro… pelo que esse teste terá que ficar para outra altura.
No entanto, é no LCD que reside a primeira e mais grave lacuna do Asus Eee PC – a sua resolução de 800×480. No século passado talvez fosse aceitável, hoje em dia – não!

Isto é… quando usado com o interface no modo “fácil” com que o Eee PC arranca de origem, o ecrã é suficiente. Mas isso obrigaria a que todos os restantes programas estivesse concebidos para uso em ecrãs desta dimensão. Se usar o processador de texto ou a folha de cálculo é mais que aceitável, navegar na Internet torna-se rapidamente claustrofóbico. Na maior parte dos sites, metade do ecrã é logo ocupado pelas faixas publicitárias – e mesmo no modo “full-screen” do FireFox, dificilmente se consegue usar aquilo por mais que uns minutos sem que se torne desesperante.

Mas nem só na internet o ecrã fica “curto”. Em várias janelas para configuração de opções de vários programas, é comum partes delas ficarem fora do ecrã, assim como os botões de OK, Cancel, etc. obrigando ao uso do “ALT+Left click+ mover o rato” para que seja possível arrastá-las de forma a acedermos a essas áreas. Algo que um utilizador iniciado dificilmente achará intuitivo.

Outros dispositivos que usam esta resolução, por norma em formato mais “portátil” que o Eee PC, como os Nokia N770, N800, N810 – por exemplo – têm a atenuante de possuirem “touchscreen” e terem a maior parte do software concebido para funcionar nesta resolução. Em alternativa, outros há que suportam formatos interpolados, com resoluções superiores que são depois re-escaladas para os 800×480.

No entanto, o ideal seria mesmo ter utilizado um ecrã de 1024×600 ou 1280×800 num tamanho ligeiramente maior, por exemplo de 9″.
Obviamente, a opção por um ecrã de 7″ com esta resolução deve-se principalmente ao controlo de custos. E embora possa continuar a ser uma boa opção para muitas pessoas, certamente que este “detalhe” será responsável por impedir que utilizadores mais avançados escolham o Eee.


(O Eee PC de 7″, visto em toda a sua pujança num ecrã de 50″ 🙂

Mas adiante que se faz tarde…

Carregando no botão “on/off”, o Eee PC está pronto a funcionar em pouco mais que 15 segundos!
Algumas motherboards demoram mais que isso só para chegarem à parte de arrancar o sistema operativo. 🙂
O comportamento é mais que suficiente para fazer as habituais tarefas do “office” (neste caso, o Open Office) e navegar na internet. Obviamente há algumas limitações, com apenas 512Mb de Ram e sem “swap file” não esperem conseguir ter muitos programas abertos simultaneamente.
Se deixar o processador de texto e a folha de calculo abertos com documentos grandes, é quase garantido que o Firefox vai “crashar” depois de alguns minutos de internet.
Sem dúvida que o modelo de 1Gb será bem mais apetecível para os utilizadores mais intensivos.
(Refira-se que para usar 2Gb no Xandros, têm que recompilar o Kernel; no XP a memória é detectada e utilizada automaticamente, embora possam ler este meu post sobre o XP e os SSD)

Passada a primeira ronda de boots e reboots e vistos os programas que vêm instalados por defeito (sobre os quais não me vou pronunciar muito, uma vez que há centenas de sites que já o fizeram.) Activei o modo “avançado” que permite fazer reboot para o ambiente tradicional do Linux (Xandros).
Sem dúvida que muitos de vocês se sentirão mais confortáveis neste modo – já para não falar do acesso ao synaptic.
Saliento apenas uma pequena aplicação quem vem de série, de reconhecimento de voz, que serve para lançar as aplicações dizendo-se: “Computer Web, Computer Calculator, etc.”
Funciona razoavelmente bem, deste que não haja ruído de fundo… senão… esqueçam)


(Remote Desktop a partir do Eee PC)

Até instalei o Google Earth, só para ver que tal corria – mas não “corre”… caminha… arrasta-se… muito… v a g a r o s a m e n t e . Não acredito que se deva unicamente ao processador de 900Mhz do Eee PC, e terá sem dúvida a ver com a memória livre ou ausência de swap file. Acredito que este problema possa ser resolvido numa próxima actualização do software.

A recepção WiFi é excelente, tendo apanhado rede em sítios que um portátil Acer já não apanhava. No entanto é um pouco incoerente o Eee não se ligar automaticamente à rede WiFi aque estava ligado depois de um “suspend-resume” – obrigando a fazer um “connect” manualmente. Aparentemente já há instruções na net sobre como alterar os scripts do Xandros de forma a conseguir isso – mas não os testei.

Ligar uma camara fotográfica digital e iPod via USB não foi problema. Embora seja possível e aconselhável que posteriormente instalem e usem os vossos programas favoritos para o efeito.
Ao ligar 3 “pens” USB, no entanto… 2 delas não foram reconhecidas. Uma de 128Mb “antiguinha”, e uma recente de 2Gb foram detectadas mas não estavam visiveis no “explorador”. A terceira, de 1Gb, funcionou perfeitamente. Refira-se que todas elas funcionam perfeitamente quer no Ubuntu quer no XP.

Se tivesse tido mais tempo, teria experimentado o Ubuntu e o XP no Eee PC, embora isso seja mais apropriado para o modelo de 8Gb, com 1Gb de Ram (preferencialmente expandido para 2Gb.)
Refira-se que, tal como já tinha mencionado – a tampa que permite o acesso à expansão da memória está coberto por um autocolante que invalida a garantia.

Nos EUA esta medida é ilegal, uma vez que o comprador tem o direito de fazer os upgrades que muito bem entender – por cá, não sei que diz a nossa lei quanto a isso.

Em jeito de conclusão: o Eee PC é um “brinquedo” que dá vontade de ter. Pelo preço que deverá chegar até nós (estima-se 350 Euros) não há qualquer concorrência.
É sem dúvida um computador ideal para crianças, ou para quem precise de um UMPC de baixo custe e dispense o touch-screen. Serve perfeitamente para tomar notas e fazer cálculos sem necessitar carregar um portátil pesado às costas.
No entanto, para utilizadores mais avançados, que esperavam fazer do Eee PC o seu novo “gadget” – as suas lacunas podem fazer com que estes procurem outras alternativas.

O ecrã reduzido e a ausência de bluetooth (embora seja possível acrescentá-lo internamente para quem for corajoso – ou usando um dongle USB) serão factores que afastarão muita gente.

Se irei comprar um ou não?… Ainda não me decidi.

Mais do que os 16Gb de flash que serão incluidos no Eee PC Elite para os developers, o factor que mais me custa a engolir é a reduzida resolução do ecrã.

Embora possa estar disposto a usar um dongle externo para usar o bluetooth ou HSPDA para ter internet móvel em qualquer lugar, a resolução reduzida torna o uso do gmail, google reader, e remote access em exercícios de scrolling dolorosos que têm que ser tidos em conta.

No entanto, demonstrando novamente, que o principal alvo da Asus é o mercado doméstico do segundo ou terceiro computador (ou para jovens que procuram o seu primeiro computador,) ao oferecer um computador apetecível e de baixo custo – pode considerar-se que é uma aposta ganha e que terá muitos adeptos.

Pontos fortes:

  • Preço
  • Formato compacto
  • Modo “fácil” para utilizadores iniciados
  • “Disco” Flash SSD

Pontos negativos:

  • Resolução do LCD limitada
  • Trackpad com “tap” problemático
  • 512Mb podem ser insuficientes

Para mim, parece que terei que continuar à espera de um misto de um Fujitsu U810/U1010 com o P1610… ao preço de um Eee PC! 🙂

Update:Refira-se que a comunidade de modding não tem poupado o Eee PC, e há já pessoas que enfiaram 20Gb de flash + Bluetooth dentro do bicho. 

Artigo originalmente publicado no [ptnik]
Tradução em inglês disponível no [InternetBestSecrets]

2 Responses to Review ao Eee PC

  1. Nuno Bettencourt diz:

    Olá,

    grande descrição do portátil e boa review, não muito extensa nem curta demais 🙂

    Relativamente a este portátil, já se ouviu falar de um ecrã de 10″. Será uma realidade para o ppl aqui de PT?

  2. Olá Nuno.

    Os rumores quanto a um ecrã de 10″ não passam disso: rumores.
    Há efectivamente um prototipo de um Eee PC de 10″ (quando foram apresentado, mostraram 3 modelos, o “pequeno”, o “medio” e um “grande”,) mas nao era no formato “apetecivel” deste modelo.

    Veremos o que a Asus nos reserva para uma eventual versão 2.0 deste modelo – mas tendo em conta o sucesso de vendas que tem sido; não devem ter pressa em lançar nenhum modelo novo.

    No entanto, há montes de “mods” que têm vindo a ser feitos pelos mais corajosos, desde acrescentar bluetooth e mais flash, internamente, e já há quem esteja a pensar acrescentar um touchscreen e/ou fazerupgrade para um LCD maior. No entanto, são coisas que a maioria das pessoas não irá arriscar fazer.

    Continua a ser um boa opção, mesmo com a resolução reduzida (e para esta gama de preços, não há muitas outras alternativas.)

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